
Todo ano, no Reveillon, tento entender porque eu fico tão mal. Devia ser um momento de alegria, festa, né? Pois é, olha que eu concordo com isso. Mas sabe que não é assim que eu me sinto? E acho que já sei o porquê.
No final do ano, quando todos nós estamos reunidos, um monte de coisas passam pela nossa cabeça, pelo menos na minha. Ah, é como se fosse uma retrospectiva, sabe? Todas as coisas boas que aconteceram, todas as coisas ruins que marcaram a nossa vida...enfim, tudo! É claro que eu não fico durante a noite toda só pensando em tudo que se passou. Não, chuchu, não faço isso. As coisas passam muito rápido, como furacões pela minha cabeça. E deve estar aí o motivo de eu não me sentir muito bem nesse momento. Depois que eu paro de pensar em tudo que se passou, me vem à cabeça a ideia de que nada do que aconteceu se repetirá, pelo menos as coisas boas, porque as ruins eu procuro nem pensar muito pra não estragar a minha noite. É uma matéria assim que eu estava estudando na escola, em Filosofia, nesse segundo trimestre. O nome do fiósofo que confiou em tal ideia foi Heráclito de Éfeso. Segundo ele, tudo é movimento, ou seja, as coisas estão em constante transformação. Imagina a nossa vida em movimento...imaginou? Então, agora imagina que esse movimento não para, porque, como também dizia o mestre Cazuza, "o tempo não para". É como se a nossa vida fosse uma seguidora do tempo, entende? Olha, as coisas podem até acontecer de um jeito semelhante ao anterior, mas nunca serão iguais. É por isso que eu me sinto mal, porque o tempo não para e o que aconteceu há segundos atrás não acontecerá novamente. Por isso, vou tentar aproveitar cada momento bom da minha vida intensamente, porque ele nunca acontecerá de novo.
Quer um conselho? Faz isso também, eu já começei e estou gostando.
Abraços a todos,
Andreza. '')